E nós, para onde íamos? Para a França? Para a Itália? Nós íamos para a guerra e a guerra não tem pátria...
Fernando Pereyron Mocellin, no livro "Missão 60"

O UST Colombie (Colômbia), transatlântico francês arrendado ao Governo Norte-Americano e convertido como navio de transporte de tropas, partiu de Patrick Henry às 07:15 de 20 de setembro de 1944, sob intenso nevoeiro. Era parte de um comboio de 27 navios, dos quais 17 eram cargueiros e 10 eram escoltas (um cruzador e nove destroieres e caça minas), e levava a bordo cerca de 5.000 homens. O comboio teve, ainda, a cobertura aérea de aeronaves Martin PBM Mariner até onde o raio de ação destas permitiu. Além do 1º GAvCa, o Colombie transportava uma divisão de infantaria de negros, um grupo de pilotos americanos de bombardeiros B-24 Liberator, elementos de organizações de diversões além-mar dos EUA, aproximadamente 300 mulheres do Corpo Auxiliar Feminino de Administração (que serviriam na guerra como secretárias, datilógrafas, etc.) além de 150 mulheres da Cruz Vermelha.

Os membros do 1º GAvCa ficaram alojados no último deck do navio, o que fazia com que tivessem que descer aproximadamente 8 lances de escada. Os oficiais superiores alojavam-se em confortáveis camarotes e, como é natural em transportes militares, o restante da tropa acomodava-se em instalações apertadas, com beliches de quatro macas.

Os homens do Grupo também eram obrigados a dar duas horas de serviço diárias no navio, coisa que certamente não agradava à maioria. À noite, o blackout era total, sendo, inclusive, proibido fumar a bordo, já que mesmo uma insignificante brasa de cigarro poderia denunciar a presença do navio na escuridão.

Fazíamos apenas duas refeições por dia, e isso nos ensinou a guardar sempre bolachas e laranjas do breakfast para matar a fome das 14 horas.
Fernando Pereyron Mocellin, no livro "Missão 60"

O mistério sobre o destino final do 1º GAvCa começou a desfazer-se em 1º de outubro de 1944, quando o UST Colombie cruzou o Estreito de Gibraltar, entrando no Mar Mediterrâneo, enquanto outra parte do comboio tomava a direção do Atlântico Norte. Navegando rente à costa da África a fim de evitar a aviação inimiga, que possuía bases na França, o Colombie passou por Tânger, Oran, Argel e Túnis em direção à Itália. Finalmente, às 10 horas de 4 de outubro de 1944, o navio aportou em Nápoles. Fato curioso foi o de que, no momento em que o navio fundeou, o barulho das correntes das âncoras fez com que alguns membros do Grupo, alojados próximo à proa do Colombie e sem se darem conta de que haviam atracado, pensassem tratar-se do barulho de um torpedo atingindo o navio, causando-lhes certo pânico.

Às 15h30 de 5 de outubro o navio novamente levantou âncora, dirigindo-se para Livorno, conquistada aos alemães 20 dias antes, onde chegou às 12h00 do dia 6. Por ser um navio de grande porte e por estar o cais cheio de destroços de navios afundados, o UST Colombie fundeou a certa distância do porto. O desembarque começou às 14h00 usando barcaças de invasão (LST) para transportar os homens do navio à terra firme.

Em terra os aguardavam o Grupo os Tenentes Coronéis Nélson Lavenère-Wanderley e Rube Canabarro Lucas, oficiais que já estavam no Teatro de Operações do Mediterrâneo preparando a chegada do Grupo. O transporte até a estação ferroviária, feito em caminhão aberto e sob forte temporal, deu aos homens do Grupo a primeira visão da realidade da guerra. Livorno era a sombra do que antes havia sido uma cidade. Chegaram à estação de trem às 16:00h mas, visando evitar a aviação alemã, apenas às 19:00h, sob forte chuva, partiu o trem que levaria o Grupo na desconfortável viagem de 12 horas que os conduziria à sua primeira base de operações.

Essa viagem me dez sentir já algum percalço mais sensível da guerra, pois que foi feita em trem de marcha morosíssima e em carros de 3ª classe sem qualquer sombra de conforto pois se tratava de material rodante de fabricação alemã, muito pequenos e em péssimo estado de conservação e asseio.Nero Moura, em relatório de 06/09/1944

Às 07h00 de 7 de outubro de 1944 o 1º GAvCa chegou à Base Aérea de Tarquínia.