O 1º GAvCa chegou a Tarquínia às 07h00 de 7 de outubro de 1944. Tarquínia era um campo de pouso construído a cerca de 6 Km da cidade de mesmo nome pelo XII Engineer Command do exército americano. A pista, com cerca de 1.400m, era construída com terra compactada sobre a qual eram colocadas telas metálicas que, por sua vez, eram cobertas com uma manta composta de juta misturada com material asfáltico. Partes dos estacionamentos e das áreas de manutenção eram coberta com placas Mardsen, também conhecidas como PSP (Pierced Steel Planking ou, segundo algumas fontes, Perforated Steel Plates). Estas nada mais eram do que longas chapas de aço perfurado que podiam ser encaixadas umas nas outras para formar uma superfície estável. Por ser um campo temporário, a infraestrutura do local era a mínima necessária para garantir as operações. Operavam a partir daquele local uma Ala de Caças da RAF e dois Grupos de Caça (FG) da USAAF, o 27th Fighter Group e o 350th FG, unidade à qual o 1º GAvCa ficaria subordinado.

Em Tarquínia, o 1º GAvCa recebeu o material necessário às suas instalações. Esse equipamento encontrava-se acondicionado em aproximadamente quatro mil caixotes, de tamanhos variados, com conteúdo devidamente identificado e colocados no local destinado ao acampamento. Recebeu também um total de 14 viaturas: 10 jipes, um trator, uma ambulância e um carro tanque. A base aérea de Tarquínia, devido às chuvas de outono, havia se transformado em um grande lodaçal. A única parte realmente seca era a pista de decolagem e pouso que, por estar cercada de lama por todos os lados, ganhou o apelido de "Runway Island" (Ilha da Pista). Muitas vezes, os Thunderbolt tinham que ser rebocados por trator até a pista para que não atolassem.

Coube ao 1º GAvCa, por ter chegado por último, a parte mais alagada do terreno. Devido à quantidade de água que havia no local, foi necessário um enorme trabalho de drenagem, executado com extrema eficiência, para que as barracas onde ficariam alojados tanto os oficiais como as equipes de terra pudessem ser montadas. Algumas barracas, entretanto, cederam na primeira noite devido ao temporal que caiu na região. No centro do campo foram armadas as barracas de administração, tesouraria, comando, rancho e barraca de operações de voo. As barracas de alojamento foram montadas ao redor destas e comportavam cerca de 12 pessoas cada uma.

Assim que o Grupo chegou, apresentaram-se os Tenentes Felino Alves de Jesus, Paulo Costa, Aurélio Vieira Sampaio e Armando de Souza Coelho, que haviam deixado os EUA antecipadamente e foram enviados ao Teatro de Operações do Mediterrâneo para prepararem-se como Oficiais do Controle de Interceptação.

Também em Tarquínia foi recebido o primeiro lote de Thunderbolts que seriam operados pelo 1º GAvCa e que consistia, em sua maioria, de aeronaves P-47D-25-RE, com alguns 27-RE e 28- RE. As aeronaves foram entregues com a estrela da FAB já aplicada, sendo que os códigos de esquadrilha e a bolacha do "Senta a Púa" (criada durante a viagem dos EUA para a Itália) foram aplicados após a entrega das aeronaves. Alguns poucos voos foram suficientes para verificar que a estrela da FAB não era suficiente para identificar a aeronave como aliada, sendo que então foi colocada a insígnia da USAAF e, sobre esta, a estrela da FAB. As equipes de manutenção e de armamentos rapidamente colocaram as aeronaves prontas para o combate, sendo que no início das operações havia 11 prontas e 20 recebendo os últimos preparativos.

Em 14 de outubro de 1944, uma semana após a chegada do 1º GAvCa, foi finalmente hasteada a Bandeira Brasileira no campo de Tarquínia. Consta, no boletim da unidade, o seguinte registro:

"Na história dos povos, coube-nos, assim, a honra de sermos a primeira Força Aérea sul-americana que cruzou oceanos e veio alçar as suas asas sobre os campos de batalha europeus. Antes de entrar em ação, aqui no Velho Mundo, o 1º Grupo de Caça cumpre o sagrado dever de plantar em território inimigo a Bandeira do Brasil. Camaradas: para frente, para a ação, com o pensamento fixo na imagem da Pátria, cuja honra e integridade juramos manter incólumes. Cumpre-nos tudo enfrentar com fortaleza de ânimo, a fim de manter intato esse tesouro jamais violado: a honra do soldado brasileiro! E nós o faremos, custe o que custar."

Iniciaram-se também os voos de treinamento em volta do campo e os voos de reconhecimento às linhas inimigas. Inicialmente, nos voos de reconhecimento, os pilotos brasileiros integravam esquadrilhas americanas, sendo que os primeiros foram o comandante do grupo, o oficial de operações e os comandantes de esquadrilha. No final do mês, esses voos já eram efetuados por esquadrilhas com pilotos e material brasileiros, mas ainda sem entrar em combate. O batismo de fogo ocorreu a 6 de novembro de 1944, quando iniciaram-se as operações de combate real com os pilotos brasileiros integrando as esquadrilhas americanas.

A dureza dos combates fez-se sentir nesse mesmo dia. A certa altura, conta o Comandante Fernando Correa Rocha no documentário "Senta a Púa", ouviu-se o seguinte diálogo pelo rádio, travado entre pilotos americanos do 345th FS:

- Where is number four? (Onde está o número quatro?)
- I think he is ahead of me and going down. (Acho que está à minha frente e caindo)
- He is gone. (Ele se foi.)
- Who is gone? (Quem se foi ?)
- I think it was the brazilian. (Eu acho que era o brasileiro.)

Ocupando a posição nº 4 de uma esquadrilha do 345th FS, o Ten. Av. John Richardson Cordeiro e Silva foi atingido pela artilharia antiaérea logo na primeira passagem. Com seu P-47 atingido no motor, conseguiu ainda manter-se em voo por algum tempo, comunicando-se calmamente com o líder de sua esquadrilha. Sem potência para atingir altitude suficiente para saltar de paraquedas e perdendo a que tinha recuperado após o mergulho, tentou um pouso de emergência em região de terreno acidentado ao sul de Pianoro, já sobre linhas amigas. Ao tocar o solo, o P-47D-27-RE nº 42-26782 deslizou até encontrar uma vala, quando explodiu. O Ten. Av. Cordeiro havia decolado como piloto reserva, já que o P-47D do Ten. Av. Perdigão, inicialmente escalado para a missão, chocara sua asa contra um poste pouco antes da decolagem, ficando inutilizado. Foi a primeira baixa em combate sofrida pelo grupo.

No fim da manhã seguinte foi a vez do 1º Ten. Av. Oldegard Olsen Sapucaia perder a vida quando os comandos do P-47D-25-RE nº 42-26753 travaram, causando a queda da aeronave. O piloto tentou o salto mas, não havendo altitude suficiente, faleceu no choque contra o solo.

O mês de novembro seria marcado ainda pela perda de mais dois pilotos, vítimas de acidentes. A 16 de novembro, durante uma filmagem em voo dos P-47 do 1º GAvCa para fins de propaganda, o choque no ar entre o P-47D-28-RE nº 44-19659 pilotado pelo 1º Ten. Av. Luiz Felipe Perdigão e o Douglas C-47A s/n 42-24213 pertencente ao 18th TCS / 64th TCG da USAAF causou a queda de ambas as aeronaves e a morte de toda a tripulação do C-47, Lt. Ralph H. Bailey, Sgt. Morton A. Jones e TSgt. Joe E. Kline, da equipe de filmagem e dos Tenentes Aviadores Roland Rittmeister e Waldyr Paulino de Melo, que se encontravam a bordo para tirar fotos. O Ten. Av. Perdigão salvou-se, saltando de paraquedas.

A partir de 11 de novembro o 1ºGAvCa passou a operar como unidade autônoma, independente dos demais esquadrões do 350th FG e recebendo missões específicas para serem cumpridas por pilotos brasileiros voando Thunderbolts mantidos por mecânicos brasileiros. As missões cumpridas pelo 1º GAvCa eram de ataque ao solo, já que os antes temidos caças da Luftwaffe haviam sido varridos daquele Teatro de Operações.

A partir de Tarquínia, situada a 45 minutos de voo do front, os Thunderbolts do 1º GAvCa começaram a martelar as forças do Eixo, destruindo pontes, veículos e edifícios ocupados por tropas inimigas, efetuando cortes em estradas ou ferrovias e atacando tropas inimigas em deslocamento. Os caças-bombardeiros eram normalmente empregados contra alvos de menor tamanho contra os quais não se justificava a utilização dos grandes bombardeiros estratégicos, como o Boeing B-17 Flying Fortress e o Consolidated B-24 Liberator. Nos bombardeios realizados pelo P-47, este efetuava um mergulho praticamente vertical a partir de 3.000 metros de altitude até os 1.500 metros, quando lançava suas bombas, necessitando manter uma trajetória fixa por determinado período de tempo de modo a poder enquadrar o alvo em seus visores. Neste período, a trajetória da aeronave tornava-se previsível, tornando-a mais vulnerável à artilharia antiaérea. A seu favor, o caça-bombardeiro tinha seu pequeno tamanho e maior maneabilidade quando comparado aos grandes B-17 e B-24 da USAAF, tornando-o um alvo mais difícil.

Em dezembro de 1944, de modo a melhor aproveitar o raio de ação das aeronaves, houve um novo desdobramento das unidades aéreas, inclusive o 350th FG. Com isso, o 1º GAvCa deslocou-se para sua nova base de operações: o aeródromo de San Giusto, em Pisa.