Meu interesse por história da aviação surgiu no final da década de 70, com minha professora na "7th Grade" da Escola Americana de Santos, Mrs. Isa Mignon Thomas, inglesa que havia vivenciado a Blitz sobre Londres na Segunda Guerra. Foi através de seus relatos que ouvi falar pela primeira vez em Spitfires e Stukas. Das aulas de Mrs. Thomas para o meu primeiro livro, na verdade um livreto chamado "Batalhas Aéreas da Segunda Guerra Mundial", foi um pulo.

Já a primeira vez que ouvi falar em "Senta a Pua" foi por volta da mesma época, quando comprei um kit de plastimodelismo do Republic P-47D Thunderbolt, kit esse da falecida Revell Brasil na escala 1/72 e que tinha na tampa da caixa uma ilustração de Carlos Roberto Chagas mostrando o 'D4' do então Tenente Rui Moreira Lima e outro P-47 do 1º GAvCa atingido pela antiaérea. Ali vi, pela primeira vez, o famoso avestruz desenhado pelo então Capitão Fortunato Câmara de Oliveira. Entretanto, costumo sempre dizer que a culpa deste site ter nascido é do Carlos Lorch, editor da Revisa Força Aérea. Anos atrás, no já longínquo mês de janeiro de 1997 comprei, pela primeira vez, um exemplar da Revista Força Aérea, em cujo editorial Lorch escreveu sobre o falecimento de Theobaldo Antonio Kopp, veterano piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça. Em determinado trecho ele dizia:

"Theobaldo Antonio Kopp. O nome não diz muito para a maioria dos brasileiros. Mas deveria..."

Naquele instante notei, com uma ponta de vergonha, que apesar de ser um entusiasta da história da aviação e de conhecer nomes e histórias de pilotos como Galland, Hartmann, Gabreski, Johnson, Bader e Sakai, eu não tinha a menor ideia de quem era aquele tal Theobaldo Antonio Kopp.

Saí, então, em busca de informações sobre o assunto, missão não tão fácil quanto eu supunha. O primeiro livro, descoberto acidentalmente, 'foi o Um Voo na História', sobre a vida do Brig. Nero Moura. Digo acidentalmente porque na livraria ninguém sabia nada sobre FAB, Grupo de Caça ou Senta a Pua e só achei o livro porque ignorei os atendentes e fui procurar por conta própria na seção de história. Pura sorte. Mais um par de anos e a era da Internet já caminhava a passos largos. Descobri o site da Associação Brasileira de Pilotos de Caça e um e-mail enviado à ABRA-PC resultou no apoio incondicional do Coronel Aviador Euro Campos Duncan Rodrigues, verdadeiro entusiasta da história da FAB, ex-piloto de caça e que foi quem, sem exagero, me abriu as portas desse mundo da Aviação de Caça da FAB. Sem o amigo Duncan este site nunca, definitivamente nunca, teria saído do papel. Minha dívida de gratidão para com ele é enorme. Pra encurtar uma razoavelmente longa história, resolvi organizar em um site todas as fotos e informações que colhera e a primeira versão entrou no ar em 22 de abril de 2001, não por acaso o "Dia da Aviação de Caça".

Hoje, duas décadas e meia depois daquele editorial da Revista Força Aérea, posso dizer que tive o privilégio de conhecer alguns dos homens que fizeram essa história, tanto pilotos como pessoal de terra, e a honra de privar da amizade de alguns deles. Que fui atrás deles em busca de uma lição de história e, ao final, depois de ouvir deles o que os livros não contam sobre o lado humano da história, vi que havia ganho deles uma lição de vida. Que é realmente uma lástima que essa história seja largamente desconhecida e que na aulas de história não só se fale pouco mas como ainda, vergonhosamente, não seja incomum que professores façam troça da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial.

Resta-me torcer para que este seja um trabalho digno da memória do 1º GAvCa.

Vicente Vazquez
( que hoje sabe quem foi Theobaldo Antonio Kopp )