No total, 33 navios brasileiros foram atacados por submarinos do Eixo no período compreendido entre 22/03/41 e 19/07/44. Com exceção de três ataques de submarinos italianos e um da Luftwaffe, todos os demais foram efetuados por submarinos alemães. Dentre estes, o que fez maior número de vítimas foi o U-507 do Capitão de Fragata Harro Schacht, afundando seis navios brasileiros (4 cargueiros e 3 de passageiros). O U-507, ainda sob o comando de Schacht, seria afundado sem sobreviventes em 13/01/43, nas proximidades do Ceará, pelo esquadrão americano VP-83, baseado em Natal.
O primeiro ataque a um navio brasileiro por forças do Eixo deu-se em 22 de março de 1941, quando, no Mar Mediterrâneo, uma aeronave da Luftwaffe atacou o cargueiro Taubaté, devidamente identificado como de nacionalidade brasileira. Outros incidentes ocorreram na época, mas de modo geral observava-se que as regras da neutralidade não eram respeitadas. Em parte, isso deve-se ao fato de que as nações envolvidas no conflito não hesitavam em usar todo tipo de disfarce para confundir o inimigo, inclusive usando as cores de nações neutras. Isto começou a gerar uma falta de confiança, o que certamente contribuiu para muitas infringências das normas de neutralidade.
Logo após o ataque a Pearl Harbor, o alto comando alemão decidiu atacar a navegação marítima nas costas dos EUA, visando enfraquecer o fluxo de matérias-primas para os EUA e o de manufaturados exportados pelos Estados Unidos. No primeiro trimestre de 1942 foram torpedeados 156 navios, dentre os quais seis brasileiros: Buarque, Olinda, Cabedello, Arabutan, Cayrú e o Parnahyba. Dos navios atacados até então, o Taubaté, o Buarque e o Olinda encontravam-se devidamente identificados como brasileiros, desarmados e com suas luzes acesas, o que configurava o desrespeito à neutralidade brasileira por parte do Eixo.
Naturalmente esses três ataques foram de conhecimento de toda a Marinha Mercante, o que fez com que o Governo Brasileiro tomasse medidas de precaução, destacando-se a seguinte mensagem de Getúlio Vargas ao Embaixador do Brasil em Washington, em 17 de março de 1942:
"Procure urgente Governo Norte-Americano em meu nome e solicite providências garantam nossos navios mercantes fazerem tráfego entre Brasil e EUA contra os ataques vem sendo vítimas, parecendo-me necessário sejam comboiados e artilhados, fornecendo Governo Norte-Americano canhões e guarnições, artilheiros, obrigando-se o Governo Brasileiro a repatriá-los. Informe minuciosamente resultado conversações."
Durante os meses de maio, junho e julho, oito outros navios foram afundados por submarinos alemães. Em agosto de 1942, o submarino alemão U-507, comandado pelo Capitão de Corveta Harro Schacht, afundou seis navios brasileiros. Eram eles os navios de passageiros Baependy, Araraquara, Annibal Benévolo e Itagiba, e os cargueiros Arará e Jacira, com a perda de 610 vidas. Dentre as companhias que mais sofreram com os ataques submarinos, com certeza a maior prejudicada foi o Lloyd Brasileiro, que teve 21 navios atacados. A Marinha de Guerra do Brasil teve apenas um navio afundado, o transporte Vital de Oliveira, atacado pelo U-861 em 19/07/1944 e vitimando 100 pessoas.
Com esses ataques, a situação atingiu limites intoleráveis. A pressão popular em todo o país aumentou. Em 21 de agosto de 1942, o Brasil declarava guerra os Eixo.
Navios Brasileiros Atacados