O USS General T. H. Bliss (AP-131) chegou ao porto de Nova York em 4 de julho de 1944, quando o 1° GAvCa desembarcou em meio às comemorações do aniversário da Independência dos Estados Unidos. Lá, juntaram-se ao grupo mais sete pilotos:

  • Cap. Av. Roberto Pessoa Ramos
  • 1º Ten. Av. Álvaro Eustórgio de Oliveira e Silva
  • 1º Ten. Av. Luis Felipe Perdigão Medeiros da Fonseca
  • 1º Ten. Av. Waldyr Paulino de Melo
  • Asp. Av. Fernando Correia Rocha
  • Asp. Av. Fernando Soares Pereyron Mocelin
  • Asp. Av. João Milton Prates

Imediatamente após a chegada a Nova York o Grupo subiu o Rio Hudson, a bordo de barcaças, até Camp Shank, New Jersey, onde, seguindo as normas sanitárias norte-americanas, permaneceram por quarenta e oito horas em regime de quarentena. O USS Bliss vinha do Pacífico e transportava soldados americanos que voltavam de zonas consideradas endêmicas, assim como a própria região da América Central também o era assim considerada.

Na manhã do dia 6 houve o deslocamento por via férrea para o Suffolk County Army Air Field (atual Aeroporto Francis S. Gabreski), em Long Island, com chegada às 17h30 desse mesmo dia. Suffolk era a base onde o Grupo faria o estágio de quarenta e seis dias de treinamento e adaptação à aeronave com a qual operaria até o final da guerra e ainda por muitos anos no Brasil: o Republic P-47D Thunderbolt.

Vinte e cinco mecânicos foram enviados para um estágio de quinze dias na Republic Aviation, cuja fábrica ficava em Farmingdale, Long Island, próximo a Suffolk. Os demais ficaram em Suffolk, treinando a manutenção das aeronaves sob orientação dos técnicos norte-americanos.

A adaptação dos oficiais aviadores ficou a cargo do 132nd AAFBU(F) da USAAF, uma das muitas unidades encarregadas da formação de pilotos de P-47. Foram utilizadas pelos brasileiros 47 aeronaves Thunderbolt, das quais apenas cerca de quatro possuíam o mais moderno canopy do tipo bolha (bubble canopy), os demais sendo do tipo 'razorback', que oferecia pouca visibilidade para trás.

O programa de treinamento incluía vôo de grupo, bombardeio picado, tiro aéreo, tiro sobre alvos terrestres, vôo em altitude, vôo por instrumentos, vôo noturno, interceptação, escolta de bombardeiros e combate aéreo 1 x 1. Foram feitas várias simulações de combate aéreo, algumas quase reais pois as aeronaves 'inimigas' eram caças Grumman F6-F Hellcat da Marinha Americana que fariam fama contra os japoneses no Teatro de Operações do Pacífico. Na verdade, a função desse treinamento não era a de ensinar essas técnicas aos pilotos, mas sim a de adaptá-los ao Thunderbolt, uma aeronave muito maior, mais potente e mais pesada do que o Curtiss P-40 ao qual estavam acostumados. Houve também várias palestras com pilotos veteranos da USAAF, uma delas com o Coronel Robert S. Johnson, famoso ás do 56th Fighter Group, que carregava em seu P-47 Thunderbolt as marcas de 27 aviões inimigos abatidos.

O programa previa, inicialmente, cerca de 93 horas de vôo por piloto. Entretanto, devido à baixa disponibilidade de aviões proporcionada pelo 132nd AAFBU(F) e à propria exiguidade de tempo, a meta de 93 horas não foi atingida. Algumas missões foram suprimidas do currículo e cada piloto cumpriu, em média, 67 horas de vôo no Thunderbolt com os últimos pilotos encerrando seu treinamento em 2 de setembro.

Ainda em Suffolk, em 9 de julho de 1944, o 1° GAvCa sofreria sua segunda baixa, quando 2º Tenente Intendente Alfredo Barcellos suicidou com um tiro no peito. Barcelos teria deixado uma carta à sua família e outra ao Coronel Nero Moura, cartas essas cujo conteúdo jamais foi revelado.

Concluído o curso, ocorreram as costumeiras festas de despedida e confraternização. A primeira dela ocorreu no Clube dos Oficiais da Base de Suffolk.

"Lembro-me que nessa noite o Cordeiro tomou a garota do Taborda; o Keller ficou de cara cheia, xingando baixinho qualquer oficial de posto superior ao dele; Correia Netto pediu licença para beijar a mulher do Capitão Walker, o que o fez cinematograficamente no meio do salão; Lafayette se auto intitulou um 'capitão duca', chorando no ombro do Torres, Oldegard, Keller, alemão Kopp e outros membros de sua Red Flight; Gibson quis bater em meia dúzia, enfim, foi uma verdadeira festa de despedida, festa de quem vai para a guerra..."
Rui Moreira Lima

Para aliviar as tensões causadas pelos preparativos para o combate e pela própria expectativa deste, os membros do Grupo receberam um final de semana livre em Nova York, onde ocorreu a segunda festa de despedida, no famoso Diamond Horse Shoe.

"A segunda despedida foi no Diamond Horse Shoe, famoso night club onde Billy Rose exportava as mais belas mulheres dos Estados Unidos para Hollywood. Despedimo-nos, num jantar semi-informal, do grande chefe de nossa instrução no Panamá, o Coronel Disosway. Este foi outro tipo de despedida. Estávamos realmente emocionados. A mim, por exemplo, deu-me um murro nos peitos que caí sentado, e sério concluiu: Take it easy Lima. Naquela grossura do murro e na recomendação para eu levar as coisas devagar, estava o carinho do mais experiente a um 2º tenente que seguiria em breve para o combate."
Rui Moreira Lima)

Antes da partida de Suffolk ocorreram os últimos exames médicos e ofícios religiosos, com a confissão e a comunhão para os que assim o desejassem. O Grupo deslocou-se via ferroviária, em 10 de setembro de 1944, para Patrick Henry, próximo a Newport News, no estado da Virgínia, aonde chegou no dia seguinte após viagem de cerca de 14 horas. Patrick Henry era um campo a partir do qual embarcavam tropas aliadas para os diversos teatros de operações, sendo que até aquele momento a maior parte do efetivo do 1° GAvCa não sabia para qual teatro de operações seriam enviados.

Mantinha-se segredo absoluto sobre datas, horários e itinerários de partida, já que caso essas informações vazassem e caíssem em mãos inimigas, fatalmente os navios seriam interceptados por submarinos do Eixo. Esse esquema de segurança também incluía um período de isolamento, no qual o efetivo do 1° GAvCa, apesar de bem instalado, ficou absolutamente sem contato com o mundo externo.

Após oito dias de internamento, o Grupo finalmente iniciou o embarque às 18:30h de 19 de setembro de 1944, no UST Colombie, transatlântico francês arrendado ao governo dos Estado Unidos e adaptado para o tranporte de tropas. Às 7:15 de 20 de setembro de 1944, O UST Colombie levantava âncora com destino ao Teatro de Operações do Mediterrâneo.